Foto: Guilherme Bento/Secom
Santa Catarina resgatou há um ano uma tradição que remonta aos tempos em que a conservação de alimentos ainda não contava com geladeiras: a produção da carne na lata. A iguaria típica do interior catarinense foi oficialmente registrada pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), por meio do Serviço de Inspeção Estadual (SIE), marcando um novo capítulo para a valorização da cultura alimentar regional.
A agroindústria familiar Carnes Arvoredo Ltda., sediada em Xanxerê e registrada sob o SIE n.º 416, foi pioneira ao obter o registro da carne na lata – carne suína temperada, cozida e conservada em gordura. O produto, que faz parte da memória afetiva de muitas famílias, agora está sendo comercializado com o aval técnico e a garantia de segurança da inspeção sanitária assegurada pela Cidasc. Para obter a liberação do produto, contou com a análise técnica da Coordenação de Produtos Cárneos do Departamento Estadual de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Deinp) da Cidasc.

Roberto Carlos Meneguzzi, sócio da Carnes Arvoredo, destaca que o registro do produto foi motivo de orgulho para os proprietários da agroindústria. “Este produto faz parte da nossa história. Quando criança, a carne na lata era sempre servida em casa. Resgatá-la é uma forma de homenagear meus pais e levar ao consumidor um sabor que remete à infância, com praticidade e qualidade”, afirma Meneguzzi.
A presidente da Cidasc, Celles Regina de Matos, destaca que o reconhecimento da carne na lata com o selo do Serviço de Inspeção Estadual representa um avanço na valorização dos saberes tradicionais aliados à ciência. “A Cidasc tem um papel essencial na promoção da agroindústria familiar catarinense. Ao garantir que produtos como a carne na lata cheguem ao consumidor com qualidade e segurança, fortalecemos não apenas a economia local, mas também a identidade cultural do nosso Estado”, afirma Celles.
Carne na lata: tradição, sabor e conservação natural
A carne na lata é um tipo de carne suína conservada por um método ancestral, semelhante ao confit – técnica francesa cujo nome significa “cristalizado”. Esse termo remete ao aspecto brilhante que os alimentos adquirem ao serem envolvidos pela própria gordura, formando uma camada protetora natural. No Brasil, essa prática tornou-se comum especialmente nas zonas rurais dos estados de Minas Gerais e São Paulo, como forma de conservar carne por longos períodos antes da popularização das geladeiras.
Na agroindústria Carnes Arvoredo Ltda., de Xanxerê (SC), o corte escolhido para esse preparo é o pernil suíno desossado. A carne é frita lentamente em sua própria gordura até atingir o ponto ideal e, em seguida, é armazenada em latas metálicas, coberta com a gordura ainda quente. Esse processo reduz significativamente o teor de umidade e confere ao produto uma validade, sem necessidade de refrigeração.
A técnica de conservação da carne na gordura chegou ao Brasil com os colonizadores europeus, que trouxeram também os primeiros suínos e a necessidade de preservar alimentos durante longas viagens. No entanto, registros históricos indicam que a prática possui paralelos com tradições indígenas, como a mixira, alimento típico de algumas regiões da Amazônia, em que carnes são igualmente preservadas em gordura.
Mais do que um método de conservação, a carne na lata representa um elo entre gerações, resgatando memórias afetivas e fortalecendo a identidade alimentar brasileira.
Mais sobre a inspeção de produtos de origem animal
Para proteger a saúde da população, é fundamental que o consumidor esteja atento ao adquirir alimentos de origem animal. Um dos principais cuidados é verificar se o produto possui o Selo de Inspeção, que pode ser emitido por três esferas: Serviço de Inspeção Municipal (SIM), Serviço de Inspeção Estadual (SIE) ou Serviço de Inspeção Federal (SIF).
Esse selo é a garantia de que o alimento passou por rigorosa inspeção industrial e sanitária, seguindo os critérios estabelecidos pela legislação vigente. Produtos com selo de inspeção asseguram qualidade, procedência e segurança para o consumo.
Mais informações:
Jornalista Alessandra Carvalho
Assessoria de Comunicação
Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc)
(48) 3665 7037
e-mail: [email protected]
Fonte: estado.sc.gov.br Acessar