Projeto desenvolve ações de controle do pinus em campos naturais da Serra do Tabuleiro

Projeto desenvolve ações de controle do pinus em campos naturais da Serra do Tabuleiro

Fotos: Divulgação / IMA

As espécies exóticas invasoras são um desafio para a biodiversidade. Entre elas estão as árvores conhecidas como pinus. Para amenizar os impactos dessas plantas no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro (PAEST), o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) autorizou e acompanha a implantação do Projeto de Controle e Monitoramento de Pinus spp nos Campos Naturais da Serra do Cambirela. A ação é financiada pela Companhia de Geração e Transmissão de Energia Elétrica do Sul do Brasil  (Eletrobras CGT Eletrosul) e deve abranger uma área de 160 hectares.

O projeto faz parte de um compromisso assumido pela CGT Eletrosul no licenciamento ambiental do Sistema de Reforço Eletroenergético ao Litoral Catarinense e à Ilha de Santa Catarina, que foi conduzido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Uma vistoria técnica, realizada nos dias 19 e 20 de março, marcou o início das atividades no PAEST.

Na oportunidade, técnicos do IMA, da CGT Eletrosul e da empresa contratada para a retirada dos exemplares de pinus fizeram a identificação de pontos para pouso de helicóptero, para acampamentos, fontes de água, instalação de placas de sinalização, trilha de acesso por terra, dentre outras medidas necessárias para a execução das ações. A atividade preparatória contou com o apoio do Batalhão Aéreo da Polícia Militar de Santa Catarina, que realizou o transporte da equipe até a área de implementação do projeto.

De acordo com a presidente do IMA, Sheila Meirelles, o Instituto tem trabalhado para viabilizar diferentes projetos por meio de parcerias com organizações públicas e privadas. “Entendemos que essas colaborações são de grande importância para que as ações de preservação e conservação dos nossos ecossistemas tenham ainda mais efetividade. Trata-se da união do conhecimento técnico acumulado nos 50 anos de história do órgão ambiental catarinense com a responsabilidade ambiental e expertise das organizações parceiras”, afirma Sheila.

Ações previstas

O PAEST é a maior unidade de conservação estadual, estabelecida em função da importância das encostas da Serra do Mar para a proteção e a conservação de recursos hídricos e da diversidade biológica. Conforme a coordenadora do Programa Estadual de Espécies Exóticas Invasoras e engenheira agrônoma do IMA, Elaine Zuchiwschi, a invasão por espécies exóticas, como aquelas do gênero Pinus, é uma ameaça à conservação de ecossistemas do Parque. Um diagnóstico realizado em mil hectares de campos de altitude do PAEST, também financiado pela CGT Eletrosul e desenvolvido em 2018, apontou a incidência de pinus em toda a área.

O projeto de controle prevê o corte com motosserra das árvores maiores e a retirada de mudas por meio de arranquio e de corte rente ao solo.  Devido aos riscos envolvidos na atividade de derrubada de árvores, os visitantes devem ficar atentos à sinalização e possíveis restrições de acesso à área durante o período de realização do projeto, que será de nove meses. 

Espécies exóticas invasoras 

As espécies exóticas invasoras são plantas, animais e outros seres vivos que estão fora de sua área de origem e dispersão natural, levados por ação humana, e geram impactos ambientais, sociais, econômicos ou à saúde pela expansão populacional desenfreada e/ou pelo comportamento nocivo em relação a espécies nativas.

As espécies do gênero Pinus são exóticas no Brasil e nativas, em sua maioria, em regiões frias e tropicais do hemisfério Norte. Segundo Elaine Zuchiwschi, em todos os países do hemisfério Sul, onde alguma dessas espécies foi introduzida, há problemas de invasão biológica. No Brasil, espécies de pinus são utilizadas para produção florestal desde a década de 1950. 

A Lista Oficial de Espécies Exóticas Invasoras de Santa Catarina (Resolução Consema nº 08/2012) classifica espécies do gênero Pinus na categoria 2, ou seja, que podem ser produzidas no Estado, porém em condições controladas, a partir de estratégias para evitar a dispersão e garantir o baixo impacto ambiental da atividade. 

“As espécies do gênero Pinus são adaptadas a crescer em ambientes abertos, como campos e restingas. As sementes têm adaptações para dispersão pelo vento e germinam intensamente, formando densos aglomerados de plantas que excluem a vegetação nativa. Além disso, devido ao crescimento acelerado, essas plantas consomem mais água do que espécies nativas, reduzindo sua disponibilidade no meio. As suas folhas se acumulam sobre o solo porque os microrganismos têm dificuldade de decompor esse material extremamente fibroso, o que dificulta a germinação de outras espécies”, diz Elaine.

Além da engenheira agrônoma do IMA, Elaine Zuchiwschi, as etapas do processo contam com o acompanhamento e o apoio do técnico da equipe da Gerência de Áreas Naturais Protegidas do IMA, Aurélio Aguiar e da equipe do PAEST.

Os campos naturais de altitude

Os campos naturais de altitude, em Santa Catarina, se localizam em regiões altas dos planaltos e das serras litorâneas. Caracterizam-se como ambientes abertos, com vegetação arbustiva e/ou herbácea. Esses campos se destacam pela diversidade de espécies: no estado, já foram identificadas cerca de 4 mil espécies vegetais, muitas das quais endêmicas, ou seja, que não são encontradas naturalmente em nenhum outro local.  

Nessas regiões altas ocorrem extensos banhados, turfeiras que formam tapetes profundos e esponjosos de musgos e nascentes de importantes rios. Nos campos do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, onde será desenvolvido o projeto, nascem os rios Cachoeira do Norte, afluente do Rio da Madre, e os rios Nova Descoberta e Vermelho, afluentes do Rio Vargem do Braço, principal fonte de captação de água para o abastecimento de Florianópolis e regiões de Palhoça e São José.


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IA Editor