Pesquisadora britânica Charlotte Southall desenvolveu o estudo com profissionais e a estrutura física da Epagri por um ano – Foto: Pablo Gomes / Epagri
Uma pesquisa desenvolvida nos laboratórios de Homeopatia e Saúde Vegetal e Biotecnologia da Estação Experimental da Epagri em Lages, na Serra Catarinense, obteve o primeiro lugar em um importante prêmio disputado na Europa. A conquista ocorreu na 6ª Conferência Internacional de Pesquisa em Homeopatia, realizada no fim de junho, na cidade de Tessalônica, na Grécia.
O trabalho intitulado “Explorando novos estimuladores de defesa de plantas para reduzir o míldio em videiras no Brasil” ficou em primeiro lugar contra outros 28 realizados por cientistas de várias partes do mundo. O estudo campeão foi apresentado pela pesquisadora britânica Charlotte Southall, que há mais de 20 anos atua com homeopatia humana, inclusive aplicada em crianças com transtorno do espectro autista.
Durante um ano, entre maio de 2024 e maio de 2025, Charlotte morou em Lages e desenvolveu o estudo com profissionais e a estrutura física da Epagri. Na ocasião, ela havia sido contemplada com uma bolsa de doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc) por meio de um projeto de cotutela entre a Universidade de Coventry, renomada instituição de ensino superior da Inglaterra com foco em ciência, tecnologia e medicina; e o Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
Em Lages, Charlotte conduziu dois tipos de estudos: a resistência de videiras, por meio da homeopatia, ao míldio, fungo altamente patogênico e destrutivo às plantas; e a possibilidade, também pela homeopatia, de neutralizar resíduos tóxicos para que animais consigam viver em solos contaminados com metais pesados, especialmente o cobre.
Resultados indicam aumento de proteção de planta
A equipe da Epagri em Lages avaliou o efeito de diferentes preparações homeopáticas e biodinâmicas na resistência de videiras ao míldio, medindo os níveis de proteína e algumas enzimas protetoras nas folhas da videira antes e depois do tratamento.
Inicialmente, 12 preparações homeopáticas e biodinâmicas foram avaliadas quanto à eficácia no aumento dos níveis de proteína foliar de videiras Isabel. As melhores foram usadas em um experimento em maior escala, usando 80 videiras Pinot Noir e 80 Chardonnay.
As folhas foram coletadas em quatro épocas de colheita e, em seguida, os extratos foram feitos e as concentrações de proteína e enzimas protetoras foram medidas por espectrometria. Os primeiros resultados indicam que algumas preparações homeopáticas e biodinâmicas provocam um aumento nos níveis de proteína e algumas enzimas protetoras, indicando possível aumento da proteção da planta contra o míldio.
“É importante encontrar uma estratégia alternativa para o controle do míldio, que pode devastar uma safra de uvas. Isso é particularmente importante para a viticultura orgânica”, concluiu o estudo.
Texto: Pablo Gomes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc
Fonte: estado.sc.gov.br Acessar