Capacitação para moradores do entorno do Parque Estadual Rio Canoas realizada em maio – Fotos: Divulgação/IMA
O javali (Sus scrofa) é uma espécie exótica invasora nativa da Europa, Ásia e Norte da África e foi introduzido em praticamente todos os países como porco doméstico, para a produção de carne, ou na forma selvagem ou como híbrido, pelo interesse na caça. Em Santa Catarina, há registro de animais em cerca de 80% dos municípios. Devido ao risco causado pela invasão de javalis à preservação da biodiversidade nas unidades de conservação estaduais, administradas pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), o órgão tem realizado o manejo da espécie em quatro parques: Rio Canoas, Fritz Plaumann, das Araucárias e da Serra Furada.
Espécies exóticas invasoras são consideradas a segunda maior causa de perda da biodiversidade em escala global e representam um desafio para a conservação dos recursos naturais. O javali é classificado como uma das 100 piores espécies exóticas invasoras do mundo pela União Internacional de Conservação da Natureza. Isso se deve a sua agressividade e facilidade de adaptação que, associadas à reprodução descontrolada e à ausência de predadores naturais, resultam em uma série de impactos ambientais e socioeconômicos.
O controle de javalis requer autorização prévia do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, em unidades de conservação, só pode ser realizado mediante anuência prévia do gestor da área, conforme estabelece a Instrução Normativa Ibama 03/2013. A caça sem autorização é considerada crime ambiental.
Diretrizes
O IMA, como administrador das unidades de conservação estaduais, tem a prerrogativa de realizar ou delegar o manejo dos javalis nas áreas. A primeira ação, que ocorreu em 2018, foi executada por equipe contratada, contando com pesquisadores especialistas no tema. Ações posteriores foram realizadas por equipes que atuam nos Parques, no entanto, a tendência é de contratação de empresas especializadas para o manejo da espécie, sempre de acordo com as normativas do Ibama.
No contrato junto às empresas, é prevista uma capacitação dos moradores do entorno dos parques, com o objetivo de orientá-los para o controle nas propriedades rurais. Nessas oportunidades são abordadas questões de legislação, autorização, sanidade animal e captura de javalis por meio de armadilha tipo curral.
Nos parques em que o manejo têm sido realizado, os resultados são visíveis. O gerente de Áreas Naturais Protegidas do IMA, Filipe Lemser, destaca que está sendo oferecido total apoio para o manejo de javalis nos parques onde a espécie já está presente. “A coordenação das ações pelo Programa Estadual de Espécies Exóticas Invasoras tem sido crucial para garantir que o manejo seja realizado de forma padronizada, eficiente e em conformidade com a legislação vigente”, enfatiza. O programa mencionado, ao qual o controle de javalis se vincula, foi implantado pela Portaria da Fundação do Meio Ambiente (Fatma) 116/2016.
Atualmente, os javalis estão presentes em 22 estados brasileiros. Em Santa Catarina, entre abril de 2019 e maio de 2024, o Ibama emitiu 165 mil autorizações para manejo da espécie, abrangendo 236 municípios, ou seja, 79% de todas as cidades do Estado.
Parque Estadual Rio Canoas
Os primeiros vestígios da espécie, no Parque Estadual Rio Canoas (PAERC), foram registrados em 2019, o que levou à orientação da equipe sobre o manejo adequado, à aquisição de armadilhas tipo curral e à realização dos primeiros controles em 2023. Em 2024, uma empresa foi contratada para dar continuidade ao controle por um período de 42 dias, o que ocorreu entre março e abril deste ano.
A coordenadora do PAERC, Leila Alberti, considera que os resultados já são visíveis. “Ainda existem javalis na unidade de conservação, mas os vestígios de grupos estão concentrados, agora, apenas em uma parte do Parque, antes estavam por toda a área. Essas constatações evidenciam a importância da continuidade do manejo”, explica Leila.
Além disso, segundo a coordenadora, em conversa com vizinhos da área, muitos deles agricultores que sofreram com perdas agrícolas causadas pelos javalis, foi relatada a atual ausência desses animais em suas propriedades.
Parque Estadual Fritz Plaumann
No Parque Estadual Fritz Plaumann a primeira ocorrência de javalis foi registrada em 2015. Em 2018, foi contratada uma consultoria para orientar a equipe do IMA, realizar um diagnóstico da população, o manejo e elaborar o Plano de Ação para Controle e Erradicação de Javalis (Sus scrofa) na unidade de conservação. O documento foi publicado por meio da Portaria IMA 115/2020. Porém, não houve continuidade no manejo e a população voltou a crescer. No final de 2024, foi contratada uma empresa para realizar o controle no Parque, o que deve ocorrer durante o ano de 2025, por um período de 63 dias.
Araucárias e Serra Furada
O manejo de javalis também foi realizado no Parque Estadual das Araucárias, em 2020, e retomado em 2025. A continuidade das ações será executada por empresa especializada, em fase de contratação. No Parque Estadual da Serra Furada, os primeiros vestígios de javalis foram encontrados em 2024 e o controle deverá ser iniciado em 2025, ainda no estágio inicial da invasão.
Método de controle
O método de captura de javalis adotado nas unidades de conservação administradas pelo IMA é o de ceva e uso de armadilhas tipo curral, previsto na Instrução Normativa Ibama 12/2019. Essa técnica proporciona um maior controle nas etapas do manejo, a captura de vários animais ao mesmo tempo e evita o afugentamento de javalis para áreas de difícil acesso.
O trabalho nas unidades de conservação administradas pelo IMA conta com a parceria da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), da Embrapa Suínos e Aves e do Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV) da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). As organizações parceiras desenvolvem pesquisas sanitárias sobre o javali a partir da coleta de amostras de sangue e de outros materiais biológicos dos animais. Esses dados são sistematizados em importantes pesquisas, como as necessárias para que Santa Catarina mantenha o status de área livre da peste suína clássica.
Mais informações sobre o controle de espécies exóticas e sobre o Plano Estadual de Manejo do Javali podem ser obtidas no site do IMA.
Fonte: estado.sc.gov.br Acessar