Compostagem garante destinação correta aos resíduos domésticos e hortaliças viçosas para a alimentação da família

Compostagem garante destinação correta aos resíduos domésticos e hortaliças viçosas para a alimentação da família


Resíduos de alimentos e carcaças de peixe resultantes das atividades da Epagri em Itajaí são processados na leira mecanizada do Projeto Hortaliça (Fotos: Renata Rosa / Epagri)

No próximo dia 2 de agosto completam 15 anos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que instituiu uma série de regras para estados, empresas e municípios reduzirem o volume de rejeitos nos aterros sanitários através de ações para incentivar a reciclagem de materiais sólidos e dar destinação correta aos resíduos orgânicos. Materiais como cascas de vegetais, ovos, borra de café que, combinado com folhas secas, serragem e palha resultam num excelente fertilizante orgânico, graças ao processo de compostagem.

A Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) é referência em produção de hortaliças orgânicas e tem, entre suas vitrines tecnológicas, uma estação de compostagem. O engenheiro-agrônomo e especialista em fertilidade do solo, Fábio Satoshi Higashikawa, explica como é feito o processo de compostagem na leira estática, ou seja, um local próprio para receber o material orgânico, sem uso de maquinário, com revolvimento manual. 

Para resultar num fertilizante de qualidade é necessário usar ingredientes ricos em carbono e nitrogênio. Na Estação Experimental de Itajaí é feita uma pilha com camadas de cama de aves (esterco misturado a serragem) com material seco (palhada de capim elefante), de 1 a 5 centímetros. A camada seca (rica em carbono) tem de três a quatro vezes o tamanho da camada de material rico em nitrogênio, e a umidade no interior deve ficar entre 50% e 60%. O material é revolvido a cada 15 dias e o tempo de maturação pode levar de três a quatro meses, dependendo das condições climáticas. 

“Para residências que têm um quintal, é possível fazer a compostagem reservando uma área de 4m² (2m x 2m) para fazer duas leiras de 1m x 1m. Uma será abastecida constantemente e a outra ficará maturando até resultar num composto sem cheiro, para ser utilizado em hortas e canteiros”, ensina. Uma leira deste tamanho acomoda 20 litros de resíduos da cozinha por semana. O ideal é ter um balde grande com tampa para reunir esse material fora de casa e abastecer a leira uma vez por semana. 

Leiras domésticas também podem ser feitas num cercado de tela de arame forrado de palha

Fábio ensina que, após a camada de resíduos orgânicos, é necessário colocar uma camada de composto pronto (inoculante), que contém microrganismos que participam da decomposição da matéria orgânica e aceleram o processo. Para colocar a nova camada de restos da cozinha, é preciso afastar a serragem antiga para que o material orgânico novo se misture ao velho e cobrir com uma camada de palha. Sendo deslocada para a lateral, a palha veda a leira e evita escorrimento de líquido e mau cheiro. Quando a leira atingir 1m de altura, deve ser coberta com palha. 

“Também é possível fazer a leira em um cercado com arame e forrado de palha. Se o objetivo é ter minhocas no composto, não se deve colocar nada ácido nem salgado, como frutas cítricas, restos de comida temperada e carnes, que atrai vetores como ratos”, alerta. 

Pesquisador Fábio Higashikawa mostra o resultado final da compostagem

Para atender às recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos para redução de resíduos orgânicos, a Epagri em Itajaí abastece a leira com resíduos da poda de jardim e hortas experimentais, do restaurante do seu Centro de Treinamento (Cetrei) e carcaças de peixe do seu Centro Experimental de Piscicultura (Cepit) , que são ricas em nitrogênio. 

Além da leira estática, o Projeto Hortaliça dispõe de uma leira mecanizada com dois compartimentos, com capacidade total de 14m³. Pás giratórias fazem o revolvimento periódico do material, que atinge uma alta temperatura no início do processo, até cair para 40ºC. Após o período de cura, o composto atinge a temperatura ambiente. “O resultado é um material homogêneo na cor e textura e um cheiro agradável, um fertilizante orgânico de alta qualidade”, garante o pesquisador.  

Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc

Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de comunicação da Epagri: (48) 3665-5407 / 99161-6596



Fonte: estado.sc.gov.br Acessar